“Prefiro chorar numa BMW a sentar
na garupa da sua bicicleta sorrindo”
(Ditado popular)
É com esse ditado que
começo a discorrer o tema “Material Girl”.
Logo de inicio venho a dizer que não se trata apenas de garotas, esse termo “material” se aplica a pessoas de todos
os gêneros e de diversas idades. Este termo é empregado às pessoas que
valorizam mais os bens materiais do que qualquer outra coisa, passando por cima
de sentimentos e os mais radicais ignorando princípios morais e éticos. É
valorizar o “ter” ao invés do “ser”.
Você está inserido em
uma sociedade em que a todo o momento te bombardeiam propagandas incentivando a
comprar um produto novo; consumir; com inúmeras vantagens, seja no produto em
si seja na facilidade da compra. É o sistema capitalista estimulando o consumo,
a aquisição e o acúmulo de bens.
E é claro, você não vai
ficar atrás porque estão oferecendo um novo produto com diversas inovações, uma
roupa da grife mais badalada que vestem celebridades, o carro com novo design,
um restaurante de comida tailandesa porque o ator da novela disse que a comida
é excelente, tudo isso a um preço especial. É imperdível!
“Porque nós
vivemos num mundo materialista, e eu sou uma garota materialista. Você sabe que
nós vivemos num mundo materialista e eu sou uma garota materialista[1]”.
Este é o trecho da
música “Material Girl” cantada por
Madonna, onde retrata uma garota rica que só se relaciona com garotos do mesmo
nível social que o dela. Em seu videoclipe, ela é uma garota de aparência feliz
que esbanja em seu conversível, com roupas elegantes, casaco de pele e joias,
dançando com garotos trajados de terno e com aparência impecável; os fazendo
ficar aos seus pés. Enquanto isso, os garotos “comuns” sem tanto luxo em sua
aparência a assiste em uma tela de cinema.
Pessoas que adotam esse
estilo de vida estão sempre exibindo e com a necessidade de mostrar luxo,
exaltam-se os carros e veículos de preferência os importados, mulheres bonitas,
roupas de marca e etc.. Os que já vêm de “berço de ouro” mantém o nível, os da
“periferia” mostram a superação e a ambição em adquirir bens materiais.
O que um dos funkeiros
afirma em um vídeo, “(...) onde eu chego eu paro tudo”, é a sensação de ser
querido, de chamar a atenção das pessoas pela vitrine que você carrega, é ficar
rodeado de pessoas.
Por outro lado, uma
pessoa materialista está subordinada a fazer qualquer coisa para adquirir um
carro do ano, uma roupa da moda ou o modelo mais recente de um aparelho
celular. Sem generalizar, mas quantas vezes já não vimos pessoas utilizando o
transporte público com o smartphone de última geração, carregado de acessórios
e aplicativos (alguns que nem sabemos a existência ou do porque e o pra que
serve).
Muitos ali parcelaram em prestações a perder
de vista, negligenciam outras contas, deixam de ter uma alimentação saudável
para ter que comprar um smartphone e esbanjar a mercadoria perante o seu grupo
social porque é status, é o que hoje está em alta em uma única palavra: “ostentação”.
Perguntas simples como
“Eu preciso? Por que eu quero? Pra qual utilidade?” pode ajudar a frear o impulso pela compra. Mas há quem diga
que “o essencial é que o sujeito se sinta bem”.
Sim, mas a partir do momento em que ela compra objetos para deixá-lo arquivado
sem utilidade em sua casa ou só porque as outras pessoas têm e está na moda,
não significa que a pessoa está de bem com a vida. Sendo assim, esse “sentir-se
bem” há seus contras.
O primeiro se trata de uma perca da essência por uma
aparência, da perca da identidade à procura de uma, ou seja, a pessoa deixa de
ser quem ela é para ser o que as pessoas querem que ela seja. O segundo, a
pessoa passa a ser vista como um rótulo devido ao seu estilo de vida. Patricinha,
rei do camarote, playboy, it girl, material girl, greasers (1950), preppy (1970-80) e etc. são alguns dos
nomes atribuídos às pessoas.
O terceiro é que as pessoas disfarçam e substitui
sentimentos como angústias e medos através da aquisição de bens. Exemplo disso:
“Ah, fulano é feliz! Olha lá ele tem tudo”, quando na verdade é uma pessoa
infeliz e com diversos problemas pessoais. Outra situação é com relação aos
sentimentos do ter e do poder relacionado ao prazer, à vaidade, à satisfação de
seu ego.
O quinto ponto que podemos citar é com relação ao meio
ambiente. A pessoa injeta dinheiro para alimentar o sistema, ignorando os
meios, a matéria-prima da qual foi feito, as consequências ambientais até
chegar ao produto final e as consequências do seu descarte. O exemplo disso é a
bateria que está presente em diversos aparelhos eletrônicos, o descarte
incorreto pode provocar contaminação do solo e do ser humano através do líquido
tóxico, pois é um lixo não biodegradável.
Outro ponto a levantar é com relação à concepção de
mundo mecanizado onde os bens substituem os sentimentos. Exemplo: pai suprime a
sua ausência presenteando o filho. E por último presento um fato que está
presente, principalmente nas escolas que é o julgamento e o preconceito com
aqueles que não possuem o que está na moda. Exclusão de pessoas por não manter
o mesmo nível social.
Com este texto, não quero dizer que temos que abdicar
de bens materiais. Afinal, quem não quer uma boa casa para morar, um carro para
locomover, roupas em boas condições de uso, um bom telefone para se comunicar e
se alimentar bem? São alguns dos fatores para poder gozar de sua saúde. Mas o
que devemos evitar é a sedução e o hipnotismo por um fetiche que por vezes é
passageiro para assim atribuir mais valor ao homem e à natureza.
Referências:
Funk Ostentação – O filme. Disponível em: < http://vimeo.com/53295440 >. Acesso:
10 mar. 2014.
NOVAES, Elizabete David. SCHIAVON, Jose Guilherme Perroni. A contribuição do materialismo histórico para a articulação entre alienação humana e degradação ambiental. Revista Sociologia Jurídica. N. 7, Jul./Dez. 2008. Disponível em: . Acesso: 10 mar. 2014.
Youtube. Material Girl – Madonna. Disponível em: . Acesso 10 mar. 2014.
[1] Versão original: “Cause we're living in a material world. And I am a
material girl. You know that we are living in a material world and I am a
material girl”
**** Texto apresentado à Disciplina de Meio Ambiente e Turismo (13-03-2014)
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